O mercado de soja apresentou uma semana agitada, marcada por alta volatilidade nas cotações, impactadas principalmente pela revisão do relatório de oferta e demanda nos Estados Unidos e pela elevação das taxas de juros no Brasil. Segundo a análise de mercado da Grão Direto, a recente redução da produção de soja dos EUA, de 124,7 para 121,4 milhões de toneladas, afetou os estoques finais e trouxe novos desafios ao mercado brasileiro, que seguiu atento à movimentação dos contratos de soja na Bolsa de Chicago.
A elevação dos juros no Brasil para 11,25% e a redução de 0,25 ponto percentual nos EUA, agora entre 4,50% e 4,75%, também geraram reflexos nos preços, ao lado das incertezas políticas com a eleição de Donald Trump como novo presidente norte-americano. Em Chicago, o contrato de soja para novembro de 2024 fechou em alta de 3,35%, a US$ 10,17 por bushel, enquanto o contrato para março de 2025 subiu 3,47%, encerrando a US$ 10,44 por bushel. No mercado brasileiro, no entanto, a valorização foi contida pela desvalorização de 2,21% do dólar, que terminou a semana a R$ 5,74.
Ainda de acordo com a análise, a expectativa é de um mercado com flutuações moderadas nesta semana, especialmente com o plantio da safra 2024/25 avançando rapidamente. A Conab informou que aproximadamente 53,3% da área total já foi plantada, um ritmo acelerado que, segundo a Grão Direto, pode resultar em pressão sobre os prêmios de exportação, dado o aumento na demanda por armazenamento e logística durante a colheita.
A eleição de Trump trouxe novas especulações sobre a possibilidade de uma nova guerra comercial entre EUA e China. Caso a China decida retaliar as tarifas dos EUA, espera-se que o Brasil ganhe espaço como fornecedor de soja, o que poderia beneficiar o agronegócio nacional com prêmios elevados e um câmbio mais favorável para os produtores brasileiros. No entanto, o fortalecimento do dólar e a pressão sobre Chicago ainda são fatores de risco.
O clima favorável está auxiliando no rápido avanço do plantio, com Mato Grosso liderando, com quase 90% da área total já semeada. Até o final de novembro, o Brasil pode concluir o plantio nas principais regiões. Chuvas regulares são previstas na região central, enquanto no sul, as precipitações podem ser menos frequentes nesta semana, mas sem maiores impactos na produção até o momento.
Fonte: Agrolink – Aline Merladete